quarta-feira, 2 de novembro de 2011

ÁGUAS FAZEM-SE BRANDAS NO MAR DAS TORMENTAS (Carlos Magano)

         
A navegar por tantas eras segue aquele barco transportando aquela massa a lugar algum, condenada ao nada, e apta a sobreviver diversas procelas lhe imposta. Passa noites e dias a seguir aleatoriamente à embarcação furada, cujo naufrágio fora impedido por tantas vezes, graças aos remendos promovidos pelas tripulações transitórias que estiveram no seu comando.
                Uma insegurança se faz constante entre os passageiros dentro daquele navio enferrujado, onde o, “salvem-se quem puder!” é sempre a ordem do dia. Feliz daqueles que possuírem os coletes salva vidas e os tubarões não apreciá-los como deguste. Entretanto, o restante, que é maioria, não ousará escapar nadando, e tem o cheiro da comida predileta do maior predador daquele oceano ímpio. Conformem-se, pelo menos vocês servem para algo!
                Condicionados a viver com fidelidade a sua própria sina, outra nova procela lhe é enviada, e dessa vez parece que os deuses têm em seus conceitos o escárnio como referencial aquele corpo não digno de ocupar um lugar no seu próprio espaço. Ventos, águas turbulentas, raios e tudo que poderia aquietar aquela situação, se distanciam manchando com negras nuvens o horizonte, pairando assim a incerteza de sobrevivência. Mas, alguns elementos  precipitados  pelas leis da inércia, se mobilizam e uma proporção natural reponde com reação a ação sofrida.   
                Assim, uma calmaria acontece enquanto o navio enferrujado continua no seu aleatório trajeto, desafiando os deuses. Guarás e Anus sobrevoam a embarcação; Tubarões disfarçados de Golfinhos também a segue, mas, por ora aquele povo dentro dele respira mais aliviado mesmo quando de cima do mastro vem sempre a reposta... Nada a vista!.               

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