domingo, 6 de novembro de 2011

O MILAGRE DOS CÉUS (Carlos Magano)

Estava ali, no meio do árido que esquecera o semi, e via se materializando aqueles abstratos ao meu lado ou na minha frente. A fé sempre com um ar de felicidade pouca, mas, viva; a esperança como olhar perdido em um suposto milagre a acontecer; a força se apoiando nas muletas construídas com a dádiva da vida; a morte vista com naturalidade ou simplesmente ignorada, e as lágrimas estancadas por um paredão construído com todos esses concretos abstratos.
Naquele dia pedi para ir levar os sacos de farinha posteriores vendidos lá no barracão, pois me via muito mais saudável do que aqueles corpos penalizados pela fome que come, apesar de ter  me acordado por diversas vezes entupindo o meu choro que não se contivera com a quela situação, depois de ter pernoitado naquela casa junto as doze pessoas que ali residiam, atrapalhando o sono, inclusive daquela voz que sempre me perguntava; - Tá tudo bem seu Carlos? 
De manhã,sai depois daquele café com beiju, cuscuz e ovos fritos e segui o trajeto alegando que precisava fazer aquilo para a minha escrita.
E lá vou eu e Junco (O Jegue). Um carregando os sacos e o outro carregando angústia. E pensava... Como pode meu Deus!... Já estava certo de trazer o que anotaram formando a carga do Junco de volta... E sigo... De repente escuto uns estrondos bem longe, e depois, pequenos redemoinhos formados por ventos isolados. Bem que notei um esfriamento no tempo. Ouvi gritos me chamando. Lá vem aquela “reca” de meninos correndo para me acompanhar e ao chegar perto foram dizendo: o senhor vai ter que voltar por outro caminho! Vai chover e não dá pra passar de volta pelo riacho! Como não sabia voltar, eles foram comigo.
Não vou me alongar, até porque como escritor deixo muito a desejar. Só sei que fiz uma música depois disso tudo, a qual, conta o resto dessa história e hoje tentei pintar essa tela.   

ÁGUA PRA TERRA BEBER (Letra e Música de Carlos Magano)

Ta fugindo gavião Peneira
Vento levanta poeira, hei, hei,
Vai chover já
O céu já derrama pingueira
Trovão da “estraladeira”  hei, hei
Vai chover já
O mundo tá escurecendo
Povo apressado correndo hei, hei
Vai chover já
Vento árvores balançando
Pássaros nelas se abrigando hei, hei
Vai chover já

Terra se enche de viço
Ta saindo do suplício
Pede ao céu pra chover,
O céu atende ao pedido
Manda com um trovão gemido
Água par terra beber

Amanhã vai cair tanajura
Riacho ninguém segura hei, hei
Vai chover já
Mata que o sol queimou
Amanhã se enche de flor hei, hei
Vai chover já
Sertanejo agradece se curva
Menino toma banho de chuva hei, hei
Já choveu já
Natureza o semblante muda
Agradece o derrame da chuva hei, hei
Já choveu já

Terra se enche... (Refrão) 

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